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 Ganheei essas selinho de uma amiga minha Taiane Brito do blog Reticências... vale a pena visitar. Obg amiga *-*


& repasso-os para:
Pedaços de quase nada

Lembrança de morrer (Álvares Azevedo)

Quando em meu peito rebentar-se a fibra, 
Que o espírito enlaça à dor vivente, 
Não derramem por mim nenhuma lágrima 
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura 
A flor do vale que adormece ao vento: 
Não quero que uma nota de alegria 
Se cale por meu triste passamento. 

Eu deixo a vida como deixa o tédio 
Do deserto, o poento caminheiro, 
– Como as horas de um longo pesadelo 
Que se desfaz ao dobre de um sineiro; 

Como o desterro de minh’alma errante, 
Onde fogo insensato a consumia: 
Só levo uma saudade – é desses tempos 
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade – é dessas sombras 
Que eu sentia velar nas noites minhas… 
De ti, ó minha mãe, pobre coitada, 
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai… de meus únicos amigos, 
Pouco - bem poucos – e que não zombavam 
Quando, em noites de febre endoudecido, 
Minhas pálidas crenças duvidavam.

Se uma lágrima as pálpebras me inunda, 
Se um suspiro nos seios treme ainda, 
É pela virgem que sonhei… que nunca 
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora 
Do pálido poeta deste flores… 
Se viveu, foi por ti! e de esperança 
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua, 
Verei cristalizar-se o sonho amigo… 
Ó minha virgem dos errantes sonhos, 
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário 
Na floresta dos homens esquecida, 
À sombra de uma cruz, e escrevam nela: 
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Sombras do vale, noites da montanha 
Que minha alma cantou e amava tanto, 
Protegei o meu corpo abandonado, 
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora 
E quando à meia-noite o céu repousa, 
Arvoredos do bosque, abri os ramos… 
Deixai a lua pratear-me a lousa!

Meus oito anos - Casimiro de Abreu

Oh! Que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias
Do despontar da existência!
— Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é — lago sereno,
O céu — um manto azulado,
O mundo — um sonho dourado,
A vida — um hino d'amor!

Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d'estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a Lua beijando o mar!

Oh, dias da minha infância!
Oh, meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Da camisa aberto o peito,
— Pés descalços, braços nus —
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava as Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar!

Soneto - Álvares de Azevedo

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada...
- Era um anjo entre nuvens d'alvorada,
Que em sonhos se banhava e se esquecia!

Era mais bela! o seio palpitando...
Negros olhos, as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Delírios de Amor - 'Autoria Própria²'

Deitada em minha cama ao seu lado,
Faz me sentir como se eu fosse a última mulher do mundo.
Envolvendo teu corpo no meu
Em um único abraço.


Acaricia-me suavemente
E me beija no pescoço descendo pela barriga.
Provocando-me arrepios da cabeça aos pés
Sinto-me como flutuasse em nuvens.


Aliso teu rosto suave e beijo os teus lábios macios
Me fazendo delirar, criando uma caham
Que me alenta e me consome.


Mas me deparo com uma luz forte
Perfurando a cortina da janela, fazendo-me despertar
E percebo que tudo não passava de um sonho.



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Doce Ausência - 'Autoria própria'

Hoje, estou eu aqui mais uma noite
Me sinto sozinha, anceiando a sua presênça.
Mas tenho que me contentar com a companhia
Das estrelas e da lua, que brilham sobre
A janela do meu quarto.

Ouvindo músicas que me fazem lembrar você,
Sinto como se os nossos pensamentos estivessem conectados.
Mas isso é apenas vontade.
E a saudade me faz te querer cada vez mais, criando ilusões
Em minha mente, me tornando vulnerável a ela.

A brisa suave trás teu doce perfume até mim
Fazendo o meu coração desparar.
Escuto à tua voz meiga falando no pé do meu ouvido
Que me ama e não pode viver sem mim.
Com os olhos fechados vejo o teu rosto
E com ele, trás um lindo sorriso esbranquiçado.

Mas logo, logo me dou conto que
São apenas ilusões da minha cabeça.
Resultado da sua Doce Ausência.


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